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Águeda
Com este roteiro pretendemos promover um percurso pelas obras de João de Ruão no Concelho de Águeda. Escultor de elite que consolidou os valores do Renascimento em Portugal, nascido em França no ano de 1500 e falecido a 28 de Janeiro de 1580, em Coimbra. Mestre da Renascença Coimbrã.
Homem artisticamente polifacetado, generoso, de grandes amizades e cumplicidades, de uma enorme sapiência artística, trouxe para estas Terras do Baixo Vouga, no domínio da Arte Sacra, valiosos exemplos do seu trabalho escultórico e decorativo, em paralelo com outros seus colaboradores e companheiros.
Esta Visita Guiada propõe-se a iniciar no Panteão dos Lemos, Trofa do Vouga; obra encomendada por D. Duarte de Lemos, em 1534, e projectada pelo Arquitecto Régio Diogo de Castillo (Astúrias Séc. XV - 1574), sendo Monumento Nacional por Decreto de 16/06/1910. A modelação plástica é de João de Ruão e a estátua orante de D. Duarte de Lemos é da autoria do Escultor Philippe Hodart (França Séc. XV - XVI).
Os motivos decorativos deste Panteão são dinâmicos, expressivos, coleantes e sobressaem pela sua originalidade na gramática ornamental da arte quinhentista. Um misto de graça religiosa e pagã, com temas helenísticos, tal os mais sumptuosos triclínios. O Fidalgo reza pela remissão dos pecados ante um bufete com o Livro de Orações, enquanto os caprípedes dançam a sicinnis!
Na Capela de Nossa Senhora de Lourdes, na mesma localidade, poderemos apreciar o altar original deste Panteão, igualmente em pedra de Ançã. Hoje Altar-mor desta Capela.
São numerosas as Senhoras com o Menino que seguem o modelo Ruanesco, em várias interpretações, inspiradas em mulheres do seu meio coimbrão (a Tricana), o mesmo tipo feminino, presentes também nas Igrejas de Segadães e de Assequins.
O trajecto culminará na Igreja Matriz de Santa Eulália, em Águeda, onde nos deslumbraremos com dois retábulos em alto-relevo da Capela do Sacramento, Última Ceia e o Sacrário, ambos da autoria deste excelse Escultor, a par de outras obras como a Imagem de Santa Eulália, o grupo escultórico da Deposição de Cristo, o Calvário, a decoração plástica dos frisos ornamentais nos arcos que lhe poderão ser atribuídos ou à sua herança conimbricense (à oficina ou influência).
O revivalismo da Arte Ruanesca no nosso Concelho, a sua importância a par do exaltamento do Património Artístico e Edificado, num ambiente Rural e Industrial, conferem à viagem proposta, encerrada num naturalismo herdado, um prazer no desfrute pela obra e simbólica que faz eco à frase gritada entre diatribes por Portius à ronda dos convivas do festim:
“Os homens quando estão alegres fazem rir a morte! ”
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